Friday, November 25, 2011

Povos ancestrais de Timor eram pescadores habilidosos

Na revista Science será publicado um artigo de Sue O'Connor, arqueóloga de the Australian National University, que a professora apresenta seus principais achados encontrados na escavação da caverna de Jerimalai, pequena caverna localizada no extremo leste de Timor-Leste.

A escavação da caverna ainda está no início (foram escavados somente cerca de 1 m2  e 2 metros de profundidade), porém muito material já foi encontrado. Entre estes materiais destacam-se: mais de 2.800 ossadas de peixes, incluindo peixes de alto mar, artefatos de pedra, ossos pontiagudos e ganchos de pesca feitos de concha.

Esses ganchos de pesca, feito com conchas, datam entre 23.000 e 16.000 anos antes do presente. Estes foram os instrumentos de pesca com datação mais antiga já encontrados e pode dizer muito a respeito de como era a vida na costa leste-timorense em tempos pré-históricos.

A matéria completa, intitulada Early humans were skilled deep sea fishers, pode ser lida (em inglês) no seguinte link:
http://www.abc.net.au/news/2011-11-25/early-humans-skilled-deep-sea-fishers/3694324?section=world

Monday, November 21, 2011

Política linguística e material didático


Ao iniciar uma análise dos materiais didáticos, e as abordagens, métodos e técnicas usadas no ensino de português como segunda língua (PL2) em Timor-Leste cujo fruto inicial foi a comunicação citada no post anterior 
percebi que é urgente trabalhos linguísticos desta natureza, já que são poucos que estão se dedicando a tal estudo, tão urgente e necessário.

Ao preparar a versão escrita a ser publicada de minha comunicação, encontrei o artigo de Alan Carneiro, intitulado Política linguística em Timor-Leste: uma reflexão acerca dos materiais didáticos, que também procura analisar livros didáticos de língua portuguesa usados no ensino em Timor-Leste. O autor, além de relacionar questões de política linguística e ensino, enfoca temas culturais que são fundamentais no processo de ensino e aprendizagem de línguas. O link para o artigo é:

O referencial teórico do autor não é compartilhado por mim, já que adoto a teoria francesa de política e planejamento linguísticos, principalmente as teorias que visam uma prática ecológica, como Calvet. Assim como, oponho-me à teoria do multiculturalismo não em um plano linguístico, mas no plano filosófico, que, segundo minhas leituras, tal teoria apresenta diversas falhas. Porém, esse tipo de discussão não é pertinente para este post (quem sabe escrevo algo a respeito no futuro).

Recentemente, terminei um artigo, intitulado Política linguística para línguas oficiais em Timor-Leste: o português e o Tétum-Praça, e agora procurarei um periódico para publicá-lo. Neste artigo analiso a política e o planejamento linguísticos de Timor-Leste em relação a suas línguas oficiais, analiso também como o planejamento linguístico mudou no decorrer da história do país, e são discutidas questões sobre o corpus e o status das línguas oficiais leste-timorenses e as situações in vivo e in vitro que alteraram o status e o corpus do português e, principalmente, do Tétum-Praça.     

Ainda, por sugestão do amigo Nuno Almeida, como também pode ser lido no P.S. do post anterior, há o artigo de Lúcia Vidal Soares, intitulado Ensino/aprendizagem do português no contexto plurilíngue de Timor-Leste: rola ou lakateu? rola e lakateu!, que também discuti questões a respeito do ensino em Timor-Leste, e pode ser baixado no link http://www.simelp2009.uevora.pt/pdf/slg6/04.pdf.

Ficam aqui registradas mais duas novas bibliografias que versam sobre o assunto de ensino e material didático de língua portuguesa em Timor-Leste.

Tuesday, November 15, 2011

O Ensino de português em TL: Análise dos Livros Didáticos

Recentemente, apresentei uma comunicação, intitulada O Ensino de Língua Portuguesa em Timor-Leste: Uma Análise dos Livros Didáticos, na Sessão 5 do II ENILL (2o Encontro Interdisciplinar de Língua e Literatura), na Universidade Federal de Sergipe (UFS), em Itabaiana.

A comunicação é fruto de uma investigação inicial a respeito do processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa em Timor-Leste. Este trabalho é o primeiro passo da investigação, focando nos livros didáticos (LDs), na elaboração de materiais didáticos pelos professores, assim como na importância e o uso destes na sala de aula de Português como Língua Estrangeira (PLE). e segunda língua (PL2).

Em breve, pretendo publicar a versão escrita desta comunicação nos Anais do Encontro.

Segue o resumo aos interessados:

Resumo: Na presente comunicação, será realizada uma análise dos livros didáticos usados no ensino de língua portuguesa em Timor-Leste. Além destes, serão analisados também outros materiais didáticos que são elaborados pelos professores para substituir o livro didático. Os dados utilizados foram coletados pelo próprio autor, que atuou como professor de língua portuguesa no país citado. Na análise dos livros e materiais didáticos serão destacados a(s) abordagem(ns) e o(s) método(s) presentes nestes, assim como suas respectivas repercussões, em sua maioria negativas, para o processo de ensino e aprendizagem do português como L2 ao cidadão leste-timorense.

Palavras-chave: Timor-Leste; Português L2; material didático; abordagem; método. 


P.S. Reproduzo aqui um comentário, que tem muito a acrescentar à questão, do colega Nuno Almeida a respeito deste post:


Colega
É com agrado que recebo a notícia de mais uma reflexão sobre os livros didáticos (manuais) de LP em TL. De facto, esta é uma questão-chave para o sucesso da (re)introdução do português nesse país.
Também eu tive a oportunidade de, no III SIMELP-Macau, apresentar uma comunicação sobre esta temática, intitulada "O papel do manual de LP em TL", texto que aguarda publicação. Nessa reflexão, e com base na minha experiência de formação a professores do ensino público timorense, defendo que os manuais de LP têm, em TL, um papel específico, uma responsabilidade acrescida, devido a diversos fatores, de entre os quais, destaco: o contexto de aprendizagem da língua
portuguesa e as necessidades comunicativas dos alunos; a falta de preparação científica, pedagógica e linguística dos professores; o caráter virtual da presença da língua portuguesa na escola e na
administração; a aparente indefinição do papel desta língua naquele país; a articulação de determinadas marcas culturais com a língua portuguesa; o estado da investigação dedicada à língua portuguesa em Timor-Leste e a indefinição de uma norma da variedade leste-timorense.
Daqui resulta que a elaboração de manuais de LP para aplicar em TL deve partir de uma sólida base de reflexão, conhecimento e investigação. Saúdo, por isso, o seu trabalho.
Quero ainda deixar uma ligação para alguns textos sobre esta temática que postei há algum tempo, textos da autoria de uma das responsáveis pela elaboração dos manuais de LP que foram recentemente adotados pelo Ministério da Educação, para o ensino primário, e distribuídos, em 2010, pelas escolas de Timor.
Abraço
Nuno Almeida

Sunday, November 13, 2011

O futuro do português em Timor-Leste - 11 Uma conclusão... por enquanto


Por causa de uma série de tarefas profissionais e acadêmicas, fiquei um tanto desatualizado sobre a polêmica da língua portuguesa. E é com felicidade que escrevo este post para encerrar esta série sobre O futuro do português em Timor-Leste, pois parece, ao menos por enquanto, que a língua portuguesa está garantida em Timor-Leste, já que fontes próximas ao Presidente da República afirmaram que a proposta de abolição do português no ensino básico não passou de uma intenção.

A matéria foi publicada há um tempo, no dia 29 de setembro, no jornal Hoje Macau porém somente tive conhecimento recentemente, devido a informações do colega linguista e também professor que já atuou em Timor-Leste, Nuno Almeida, e registro aqui também meus agradecimentos. 

A notícia, intitulada Português de Pedra e Cal, fala da proposta, das fontes do Presidente da República, da inconstitucionalidade do projeto, entre outras coisas. Ela pode ser lida na íntegra no link a seguir: http://hojemacau.com.mo/?p=21123.

A língua portuguesa manteve-se no país e conseguiu vencer mais essa batalha, pois parece que ela ameaça interesses comerciais de Estados e entidades internacionais, que possuem "vários olhos" apontados em direção a Timor-Leste. Considero essa vitória nada mais do que uma justiça feita à língua portuguesa, assim como a todos os profissionais que vêm trabalhando e se empenhando para mante-la em Timor-Leste. Ainda, pode ser visto também que os interesses de uma pequena parcela acabam por se "fantasiar" de elementos governamentais e científicos para justificar sua veracidade, que não se confirma.

Mesmo com dificuldades no processo de ensino e aprendizagem, grande parte da população leste-timorense quer a língua portuguesa e fico feliz com a vitória democrática dos interesses populacionais.




Monday, November 07, 2011

Páginas de Português - A língua portuguesa em Timor-Leste


Páginas de Português é um programa semanal da rádio Antena 2 da RTP (todos os domingos às 17:00) e possui o objetivo de discutir atualidades a respeito da língua portuguesa. No domingo do dia 16 de outubro, o tema foi A língua portuguesa em Timor-Leste e pode ser ouvido na íntegra ou baixado no link:

Há também no blogue Professores de português em Timor-Leste um texto explicativo para divulgação da entrevista, assim como um vídeo com a reprodução da entrevista e fotos de Timor-Leste, ambos de autoria de Nuno Almeida. O texto e o vídeo reproduzo abaixo, conforme está no link do blogue citado:



Páginas de Português sobre a língua portuguesa em Timor-Leste

Nuno Almeida

A emissão de Páginas de Português transmitida no passado domingo, 16 de outubro, na Antena 2, contou com a presença de Hanna Batoréo, que analisa a realidade da língua portuguesa em Timor-Leste, colocando várias questões: O que faz a língua portuguesa em Timor-Leste? E o que se faz com ela? A opção pela língua portuguesa, como língua oficial, que desafios implica, com que realidades se confronta?

Uma entrevista conduzida por Miguel Roque Dias.

A linguista e professora agregada do Departamento de Humanidades da Universidade Aberta descreve o panorama atual da LP em Timor-Leste, abordando várias questões: o número de falantes, a sua presença nos meios de comunicação social, a relação com as outras línguas usadas no território, a estratégia de cooperação e a mais recente polémica em torno das alterações propostas relativamente ao seu estatuto no sistema de ensino. Para finalizar, refere-se, em tom crítico, ao estado da investigação sobre esta temática:

“Tal como diz Luís Filipe Thomaz num dos seus livros de 2002, os portugueses normalmente sabem pouco de Timor e o pouco que sabem vão repetindo, de tal maneira que estas repetições passam a ganhar o estatuto de verdades absolutas. E, infelizmente, esta frase continua atual […]. Eu acho que todos nós temos de lutar no sentido de contribuir para que esta frase do professor Luís Filipe Thomaz deixe de ter a sua importância real, ou seja, que passem a aparecer pessoas como Soraia Lourenço ou como Nuno Almeida, pessoas que fazem estudos que contribuem para o conhecimento concreto do terreno […] e que mostrem as suas ideias, que mostrem como as coisas podem ser desenvolvidas no solo timorense.”

A entrevista tem cerca de 25 minutos e pode ser ouvida diretamente a partir do sítio da Antena 2 aqui, se bem que nem sempre se encontre disponível. Em alternativa, podem ver o pequeno filme que produzi para poder postar diretamente aqui no nosso blogue, no qual usei fotos que fui tirando em Timor.

 

Wednesday, November 02, 2011

Timor Leste, Arte e Cultura

Apenas para divulgação, há um excelente grupo no Facebook, intitulado Timor Leste, Arte e Cultura, gerenciado por Nina Guterres, onde podem ser discutidas várias questões a respeito de Timor-Leste, juntamente com o compartilhamento de diversos materiais, como fotos, vídeos, exposições e muitas outras informações.

O link para o grupo é http://www.facebook.com/groups/165448270195861/. Ainda, lá podem ser encontradas pessoas de diferentes nacionalidades que se interessam por Timor-Leste de alguma maneira, assim a iniciativa do grupo também acaba por juntar diversas pessoas que possuem alguns interesses em comum, sendo o principal o estudo de Timor-Leste.

Mais uma dica do nosso blogue para aqueles que estão interessados... 

Tuesday, November 01, 2011

Arquivo e Museu da Resistência Timorense

Sigo aqui escrevendo um pouco mais sobre a Resistência Timorense à invasão indonésia. Enquanto no post anterior, intitulado Documentário de Max Stahl sobre o Massacre de Santa Cruz - 'Timor à Procura', disponível em http://easttimorlinguistics.blogspot.com/2011/10/documentario-de-max-stahl-sobre-o.html, comentei sobre um acontecimento trágico, que foi o Massacre de Santa Cruz, neste post trago um notícia boa a respeito do museu da resistência, que já está em funcionamento há um tempo.

Recomendo a visita ao sítio do Arquivo e Museu da Resistência Timorense (AMRT) cujo link é http://amrtimor.org/index.

Lá pode ser acessado e visto uma série de documentos escritos da resistência, assim como muitas fotografias, algumas mostram atrocidades cometidas pelo exército indonésio, enquanto outras mostram belíssimas paisagens leste-timorenses, juntamente com hábitos culturais autóctones, que foram preservados. Algumas destas chegam a datar de anos anteriores à invasão, que ocorreu em 1975.

Há ainda partes do sítio em construção, porém o vasto material lá compilado, já vale a pena ser consultado, tanto para pesquisas acadêmicas, quanto para adquirir conhecimentos, ou apenas em nível de curiosidade.

Segue aqui um vídeo do Notícias Sapo (o link é http://videos.sapo.pt/Lhnt22T4Lf0dMaRlS6W9), que fala sobre a inauguração do AMRT, que fica em Dili, capital de Timor-Leste, em um prédio que era um antigo tribunal português, localizado próximo da UNTL (Universidade Nacional Timor Lorosa'e).